quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dois paradigmas ser humano-computador: da “inteligência artificial” à “realidade virtual”

Nos anos ’60 se acreditava que era possível programar um computador para que fosse semelhante a uma pessoa humana: inteligência, sentimentos, personalidade, autonomia, consciência... E, tudo isto, com finalidade, por exemplo, militar: robôs pré-programados com determinada missão, com capacidades de escolhas autônomas ao fim de cumprir sua missão.
Não deu certo, e o programa de pesquisa foi cancelado... Sobrou, no entanto, o projeto ARPA, uma nova tipologia de rede, onde o que era importante era, a partir de um ponto A, conseguir chegar até o ponto B, tendo como alternativas muitos percursos possíveis (uma série de segmentos ponto-a-ponto); era em previsão de uma guerra nuclear, para que a comunicação nos Estados Unidos entre um centro militar e outro pudesse não ser afetada em caso de bombardeamento; é assim que nasceu Internet e o world-wide-web...
Se não foi possível programar um computador para ser semelhante a um homem (ou a uma mulher), porque não tentar a via contrária? Ou seja, propor uma “realidade virtual” na qual o utente possa “imergir-se” de formas cada vez mais complexas, interativas e semelhantes ao mundo real... Pensamos, por exemplo, ao projeto “Second Life” (http://secondlife.com/), onde é possível “viver” uma segunda vida social virtual, num mundo virtual com uma economia virtual, “interpretando” o personagem e o papel que você mais gosta...
O limite, agora, não é mais a capacidade de elaboração gráfica e numérica do computador. O limite, hoje, consiste mais na “interface” homem-computador: o monitor, o teclado e o mouse ajudaram no começo, mas seria melhor uma interface mais direta com o “ser humano”... IBM e Microsoft (http://www.theregister.co.uk/2004/06/24/microsoft_near_field_patent/) já começaram, faz alguns anos, patentear o corpo humano como transmissor de informação e de energia elétrica.
Que conseqüências para a reflexão bioética de nosso curso, diante da possibilidade da potência de “interpretação” que pode hoje criar ou adaptar-se a novos contextos “virtuais”?
Que conseqüências para a reflexão bioética de nosso curso, diante da possibilidade da "potência de interpretação”, da "vontade de interpretação" (parafraseando Nietzsche) que pode hoje criar ou adaptar-se a novos contextos “virtuais”?

Por Giangiacomo

1 comentários:

Jordano Viana Fernandes disse...

Caro Gian, seu texto está ótimo! Gostei muito. Com ele, vejo que nós levamos muito a sério esse negócio de adaptação, de "inculturação". De máquina/computador-homem (o que não deu tão certo) para homem-máquina/computador. Parece que a inversão da ordem de desejo não faz tão bem à saúde daquele que deseja. É certo que ganhamos por um lado, mas também é certo que rompemos com um monte de relações do outro. Essas inovações... Até conversão de matéria espiritual para matéria virtual já ouvimos falar... Já foi o tempo das relações éticas/morais - espirituais; hoje se diz: é tempo das relações éticas/morais - virtuais. Não vejo tudo tão ruim, mas tenho minhas ressalvas.

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