segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Lex Luthor: O Mito do Lado Sombrio da Tecnociência

Todo mito ou história precisa ser reinterpretado, reinventado, recontado a cada geração ou esta história está fadada ao esquecimento. Neste artigo, disponho-me  a falar de uma figura fictícia que, de certa forma, já se encontra presente no imaginário coletivo devido à fama da história em que está inserido.
Estarei fazendo uma análise da última versão do personagem Lex Luthor. Luthor é um modelo do cientista moderno e do empresário inescrupuloso em sua última versão. Na verdade, é ele o übermensch nietzcheano que cria sua própria moral. Porém faz isto de forma antiética ao transformar seus semelhantes em meio para atingir seus fins. Não aceita que lhe seja imposto nenhum limite e se sente incomodado  quando aparece algo ou alguém que não pode por ele ser instrumentalizado. Por fim, volta todos os seus esforços para negar a existência de realidades incompreensíveis para ele, odiando toda forma de transcendência representada de forma falseada no personagem Superman.
Analisando este personagem, podemos ver o tipo de itinerário que temos feito em nosso progresso tecnocientífico.  Figuras como Richard Dawkins com seu ateísmo militante, mostra uma postura muito semelhante à de Lex Luthor. Parecem colocar todos os seus esforços científicos no combate à religiosidade em prol de um ciência que seria capaz de torná-los senhores da realidade tal qual o projeto cartesiano. Por outro lado, os fundamentalistas combatem a ciência em favor da religião. Duas posturas antitéticas  sendo  esta  um fechamento à capacidade racional do homem, responsável por cuidar do dom do belo jardim cósmico criado por Deus e aquela um fechamento ao reconhecimento de suas próprias limitações. Uma postura serve como combustível para a agressividade da outra, dado que a presença  de uma diante da outra são lenha para a fogueira do embate entra ambas.
Posta esta realidade, podemos perceber como Lex Luthor é uma figura do homem caído. Tal como Adão, desejou para si o domínio de toda a realidade. Tal como Adão, negou  a existência de uma realidade que não estivesse a seu alcance. Talvez, falte aos nossos cientistas um pouco de humildade para perceber que existem terrenos que a razão tecnocientífica não pode singrar, cabendo este papel à fé e ao amor.

9 comentários:

alessandro disse...

OLÁ! Fábio. Como o próprio nome de LEX (lei) diz, ele com o dinheiro e a técnica se tornou o dono da verdade e a pretensão pós-moderna de uma autonomia absoluta e individualista. JUNGES disse: " cria a ilusão de que a fragilidade (LEX Luthor)é vencida pela tecnologia, faz esquecer as exigências da interioridade psíquica e espiritual não se resolvem com próteses instrumental e técnicas substitutivas. O sentido da vida oferece-se na mediação simbólica e não na imediatez utilitarista"p. 90. Enquanto o Super-homem existir no imaginário de Lex, ele vai faze de tudo para deixar de ser humano para ser um extra-terrestre. Fávio envieum post para Lex e diga a ele que a vulnerabilidade é condição ontologica do ser humano. E que o Super-homem nos ensina que não vivemos sem o próximo (to care)e Lex só quer se isolar do próximo e isto não é possível.
Até.

Germano SJ disse...

"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." Protágoras.
O homem é a medidas de todas as coisas? Apenas das coisas? Ou é tb a medida do próprio homem? Há uma medida além do medidor? Ou toda medida é para o medidor? Há algo que não é mensurável? Sim há! Muitas coisas na experiência humana de existir: amor, esperança, confiança... "Porque antes há o que há e não o nada?" ...a pergunta fundamental pelo ser... ela instaura a diferença, e da diferença o número. Mas o nada não é mensurável, aponta para a finitude da capacidade de medir, mas também a do próprio medidor que se pretende medida de todas as coisas. O poder, sim o poder! Este permite decretar o controle e deslanchar a vontade de tudo dominar. Alguns dizem que "metron" é medida, ou critério, mas outros dizem que esta ligado etimologicamente a domínio... Tem a ver biblicamente, pois lá, quem conta, domina (por isso o medo do recenseamento no AT).

Geraldo Ulisses disse...

Fábio, se permanecermos apenas na observância de extremos para podermos nos situar quanto ao que é apresentado, obrigatoriamente teremos quem partir de um dos lados para iniciarmos qualquer diálogo: O resultado é então conhecido. Iremos nos dirigir para o outro extremo da nossa escolha, sem percebermos, em função dos argumentos por nós empregados. Sempre devemos observar pontos extremos e nos situar no meio desse eixo para podermos apresentar as nossas propostas como um terceiro caminho. Lembre-se que a grande questão, por exemplo, da cristologia, não é argumentar sobre o Jesus ou sobre o Cristo, mas sobre o traço central (ífem) que separa as duas palavras. O ponto de equilíbrio. Partamos sempre do equilíbrio entre as partes ou extremos. Se observarmos bem, eles estão presentes em todos os questionamentos fundamentalistas contrários.

Anônimo disse...

Alessandro,
Quer dizer que enquanto Deus existir no nosso imaginário, muitos de nós iremos querer usurpar Seu lugar?

Adriana disse...

Los avances científicos, nos entran en el misterio de la vida, nos dejan maravillados y desconcertados, nos colocan ante nuestra capacidad de decidir y de actuar en libertad o despiertan el ansia de dominio y de poder, tendencia que se nos revela en el mito de Adán y Eva. Cuando parece que la ciencia “domina todo” nos encontramos de nuevo con nuestra finitud y con la necesidad de encontrar el sentido pleno de la vida. Esta es la situación del hombre de hoy y en esta situación es que entra la teología, que necesita renovarse en sus métodos y en su lenguaje. Fabio gracias por tu aporte.

Francisco Tomé disse...

A questão de Lex Luthor é não concordar que exista alguém mais forte e poderoso que ele. Por isso a questão é descobrir uma forma de destruir o Superman. As questões do poder leva o homem a questionar Deus, e achar que tem capacidade de encontrar respostas a tudo. Deus parece tornar-se um fantoche em uma peça teatral onde o homem coloca-o onde deseja. A criação de Deus perfeita se torna agora objeto da descoberta do homem. O homem criado por Deus se torna conhecedor do bem e do mal. E com a sabedoria dada por Deus torna-se capaz de se tornar criador. Todas as capacidades tecnocientífica e as descobertas do ramo da Bioética levam-me a refletir será que em meio a tantas descobertas Deus ainda será necessário? Não quero parecer tecnofóbico, mas me parece que quanto mais se descobre, menos humano nos tornamos. E nos equiparamos a Deus, buscando comer do fruto do bem e do mal. Gostei muito de seu texto Fábio, parabéns. Deus existe e usurpar-lo será sempre uma questão a refletir, pois muitos chegaram ao ponto de se considerar Deus.

Valentina disse...

Pode ser, Franscisco. Mas também acredito que seja vontade de Deus que descubramos que Ele não é “necessário”. Deus já nos deu a herança, como ao filho mais novo da parábola. Não precisamos mais d Ele! Até que uma relação se funda na necessidade sempre será instrumental. Há muitos objetos, hoje, que alimentam nosso delírio de onipotência. Oxalá nossa relação com Deus nos eduque a tolerar sua aparente ausência perante a “não necessidade d Ele” e nos estimule a procurá-lo de graça, para de graça ser, com Ele, co-criadores.

Alessandro disse...

Olá! Fábio eu lhe respondo com o post de Valentina. Dependendo da imagem de Deus, Ele sempre nos dominará, ou melhor nós deixamos a imagem dele que há na nossa cabeça nos dominar. Mas Deus não se pode manter em nosso imaginário como um Super-homem que tudo pode, mas uma vez que ele nos criou livres e nos disse, como está no Gêneses, "Crescei e multiplicai e "dominai" a terra". Deus não é a prótese ou a perfeição humana, como se nós não fossemos criaturas "perfeitas" e por isso inteiramente dependente do criador (não esqueça do "Frankstain"!) Lhe vejo amanhã.

Anônimo disse...

Valentina, depende do que significa necessário para você. O ar qque respiramos é necessário, porém não resolve todos os nosso problemas. Deus é a existência. Nele existimos, somos e nos movemos. Sim, ele énecessário, porém inútil. Parafraseando Aristóteles, não existe nada mais inútil do que Deus, porém nada é mais necessário. Só podemos afirmar que Deus é desnecessário se renunciarmos à nossa criaturalidade. Mas jamais deveremos instrumentalizar Deus. Nós dependemos Dele que não é uma ferramenta.

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