segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A integração entre ciência e espiritualidade

Não há razão para supor que a evolução da humanidade pára na forma atual do Homo sapiens sapiens. A última esperança é que a evolução da consciência e da liberdade está ocorrendo entre nós.


Continue a ler aqui, no site DOM Total.

A bioética segundo Franklin - III

O estatuto do embrião humano


O embrião tem algum direito? A importância de responder esta pergunta ganha força quando se pensa no aborto e em pesquisas feitas com embriões. Garantir algum direito ao embrião, produzido por via natural ou in vitro, significa dar-lhe o estatuto de ser humano e pessoa ainda em desenvolvimento. Em que momento o produto da fecundação pode ser chamado ser humano? Pergunta difícil ou quase impossível de se responder! Seria quase que perguntar novamente, como na Idade Média, quantos anjos cabem na cabeça de um alfinete! Contudo, sobre o embrião a questão é mais séria porque não se trata de mera especulação racional, mas da existência humana.

Se bem que toda esta discussão esta baseada, também, em pressupostos filosófico-antropológicos: o conceito de pessoa que envolve relacionalidade, sentido da existência... Há quem defenda que só se poderia chamar de embrião a partir do 14º dia de gestão. Antes disso seria um pré-embrião porque não possui ainda a linha primitiva que dará base à rede neural. O ser humano começaria com o sistema nervoso e terminaria com o fim da atividade cerebral - diagnóstico de morte atualmente. Seria um outro parâmetro bio-antropológico-filosófico para lidar com a questão supracitada.

Há quem defenda o embrião desde a fecundação dando-lhe o caráter de personeidade mas ainda não de pessoalidade porque as estruturas antropológicas para ser pessoa não foram desenvolvidas plenamente. O embrião, desde o começo, é uma pessoa em potência e ser humano em ato. Aqui aparece a velha imagem da semente que já traz em si – ontologicamente – uma árvore! A semente é uma árvore em potência! Não parece ser em vão que a palavra usada para definir o gameta masculino é esperma (semente no grego). Uma “sementinha” que se junta com outra “sementinha” que é o óvulo para formar uma “supersemente” que já traz em si – solidariedade ontológica – uma pessoa em potência! Parece conversa para criança mas é coisa séria, embora às vezes cientistas, teólogos e filósofos se comportem como crianças fazendo birra!

Estas “birras” não seriam apenas jogos de linguagem? Chamar de pré-embrião para justificar pesquisas e aborto? Falar de personeidade e solidariedade ontológica para “barrar” o desenvolvimento científico como dizem?! Resta a bioética, com sua característica trans-disciplinar, criar o espaço de diálogo para tratar do estatuto do embrião para dar voz aquele que não pode ainda falar. A bioética e seus princípios de autonomia, beneficência e justiça! É engraçado que estes princípios parecem com características que o embrião manifesta desde a fecundação até a nidação: passeia livremente – autonomia – pelas trompas; fixa-se no útero – proteção dos malefícios -  que alimenta e faz bem; aguarda o justo momento – justiça –  de nascer depois que desenvolver-se. Um embrião tão pequeno e já se comporta como gente grande! Só falta quem lhe dê voz para defender seus direitos. 

Franklin Alves Pereira

Crédito das imagens: http://www.overmundo.com.br/uploads/banco/multiplas/1247733696_o_espinho_e_a_gota_de_sangue3.jpg
e http://www.paulssupplies.com/images/Needle%20stitching.jpg

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A bioética segundo Franklin - II

Bioética-bioéticas: a teia e a aranha

A realidade complexa ou plurifacetada exigiu o surgimento de várias ciências que, atualmente, encontram na bioética um espaço para dialogar ou efetivar a sonhada interdisciplinariedade. Tantos saberes, que antes pareciam ou se queriam desconexos, percebem-se imbricados porque tentam conhecer e, às vezes, dominar a vida em todas as suas facetas. Faz lembrar de uma teia onde os diversos fios – saberes – embora pareçam separados possuem ligeiros pontos de contato que garantem sua eficácia. Esta imagem – teia – poderia ser aplicada a bioética.

A tarefa de “dominar” a realidade plurifacetada faz surgir questões urgentes. A bioética contribui com modos diferentes na solução das questões: principialista e casuístico. Fios distintos mas que se cruzam para garantir a eficácia segura e cuidadosa no desenvolvimento humano – tecnociências. Mais uma vez a imagem da teia! Poder-se-ia falar de bioéticas!

O modo principialista parte dos princípios - beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça – para tratar das questões e apresentar respostas eficazes. Estes princípios são frutos de reflexões sobre casos concretos nos quais a vida foi posta em risco ou seres humanos não foram respeitados. O problema com este modo de ser da bioética surge quando os princípios são aplicados sem se levar em conta as circunstâncias concretas dos casos. Partir de pressupostos universais para analisar e resolver questões éticas pontuais parece um caminho dedutivo seguro. Exacerbar estes mesmos pressupostos princípios desprezando o contexto leva ao principialismo – exagerada confiança nos princípios - que pode ser nocivo. Um outro extremo seria a casuísmo porque parte apenas dos casos concretos. Roque Junges sugere uma inter-relação dessas “duas faces da bioética”: casuística levada em conta porque as questões éticas concretas exigem respostas e exercício hermenêutico dos pressupostos.

O principialismo – aguerido nos princípios da bioética – faz lembrar o probabiliorismo que se agarrava a norma como forma seguro de resolver as questões morais. Já a casuística faz lembrar o probabilismo. Surgiu uma “terceira via” entre probabiliorismo e probabilismo que foi o equiprobalimismo. Atualmente, entre casuística e principialismo a hermenêutica surge, não como “terceira via”, mas como modo de interpretar os princípios e entrelaçar os fios da teia.

Só há teia se uma aranha a construir! Que aranha é capaz de juntar ou construir fios diversos – diferentes saberes\diferentes bioéticas – fazendo-os inter-conexos no cuidado com a plurifaceta realidade se não a hermenêutica! Ela interpreta não só a complexa realidade produtora de casos como também os pressupostos princípios com os quais nos aproximamos dessa mesma realidade e dos casos. Diferente da aranha que constrói sua teia como armadilha para agarrar suas prezas, a hermenêutica tece uma teia de relações que tem como centro o cuidado com o outro.

Por Franklin Alves Pereira

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A bioética segundo Franklin - I

Bioética: ponte para o cuidado

A expressão, “bioética: ponte para o futuro”, cunhada por Potter (1971) pode ajudar na construção
de uma imagem que açambarque a bioética evidenciando a que ela se propõe. A imagem de uma
ponte! Não frágil, mas flexível porque feita de cordas (princípios da bioética) e madeira (natureza
da bioética). Para livrar a humanidade do precipício (colapso ou destruição) que as intervenções do
ser humano podem provocar. Além disso, para conduzir ao futuro mais seguro.

A bioética é de natureza “relacional”, pois está preocupada não só com o modo como as relações
entre ser humano e realidade se estabelecem, mas também com o impacto dessas mesmas relações
no próprio ser humano e no meio ambiente. Criar um espaço de relação dialogal onde todos os que
estão envolvidos no processo de produção, aquisição e manipulação do conhecimento que incide
sobre a realidade, faz parte da natureza da bioética. Por isso, as tábuas dessa ponte são a natureza
dialógico-relacional da bioética. Dá firmeza.

Este diálogo-relação que orienta a ação de uso fruto da realidade se estabelece com base em
princípios. A madeira da ponte precisa de cordas que entrelaçadas dão sustentabilidade a ponte. Os
princípios são estas cordas! O princípio do benefício ou de não malefício: fazer o bem e prevenir
o mal; o princípio de autonomia: respeito aos direitos do ser humano que pode decidir sobre o
tratamento aplicado e o princípio da justiça: igualdade de tratamento e distribuição do conhecido.
Atravessar esta ponte exige equilíbrio!

Criar um equilíbrio nesta dinâmica não-retroativa do conhecimento que domina a realidade no
intuito que produzir melhorias na e para a vida, parece ser este o objetivo da bioética. Tal equilíbrio
faz surgir uma ética do cuidado na qual os princípios da dominação, consumismo e financeiros são
substituídos pelo bem do outro, pela autonomia do outro e pelo direito do outro. Mas este outro está
inserido numa comunidade!

O desenvolvimento das tecnociências nos faz perceber esta ponte – bioética – balançando sobre
o abismo da destruição e nos levando do extremo da tecnofilia e tecnofóbia ao lugar seguro do
cuidado com os outros e o meio ambiente.

Franklin Alves Pereira

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

UN ENCUENTRO CON MISS BIOÉTICA


Aprovechando este calor mineiro, no sé si producto de efecto invernadero o porque San Pedro perdió sus llaves del cielo,  fui convidado por la Miss Bioética que gentilmente me acogió en una de sus sucursales de la Av. Cristiano Guimaraes, 2127. No de buena de gana mas por la curiosidad de ver si tenía algo a ofrecerme  accedí al encuentro.
Le pregunté si la ciencia no había ya inventando alguna nube artificial o un regulador climático para semejante calor.  Me respondió que no, por el contrario, me manifestó su preocupación de que la ciencia le estaba colocando en una situación complicada. Quedé curioso y le pregunte: pero tan grave puede ser esa situación? Si la ciencia no ha hace más que mejorar cada día nuestra calidad de vida. Gracias a ella contamos con equipos más sofisticados que facilitan nuestra vida cotidiana, con medicamentos que remedian nuestras dolencias, tanto así que nos soluciona muchos problemas, y estamos cada más libres de hacer cosas. Es verdad, me respondió ella y continuó: el problema  está en que ella últimamente se ha convertido en mero instrumento algunos grupos de poder que la manipulan y han hecho de ella un negocio que no siempre llega a toda la humanidad. Y por un momento pensé que siendo tan joven ya andaba quejándose como una abuela. Continuó contando que no era fácil para ella definir el asunto del estatuto del embrión humano, que cada vez diferentes sectores le reclamaban una posición fija al respeto, pero que ella procuraba conciliar el asunto.
Aprovechando el tema le dije que nuestra entrada en este mundo puede haber sido un azar o don de Dios como dicen algunos colegas, pero al final de cuentas estamos aquí y vivos, y eso es lo que importa. Sin embargo, ella me dijo que el asunto no era tan fácil y me explicó que  somos producto de todo un proceso complejo, que cada embrión humano atraviesa para llegar a ser, y que dependerá del tiempo y con la ayuda de su amiga la ciencia dar una respuesta. Por un momento quedé maravillado con esta microrealidad compleja y que hoy puede ser transformada gracias a la ingeniería  genética.  Soñé por un momento que tal vez si hubiera nacido en este siglo podría haber tenido la oportunidad de tener la condición genética de un futbolista innato. Y que cuando llegará mis buenos años tuviera la posibilidad  de escoger la forma más tranquila de morir, inclusive escogiendo ese día.
Finalmente ella en este breve encuentro se interesó por la Tierra, viendo que ella más que en otros tiempos corre aceleradamente y que a pesar de contar con mucha vitalidad puede sufrir de un paro cardiaco o una explosión arterial. Sospeché de esta  preocupación porque veo que el planeta tiene mucho a dar y si bien parece enfrentar algunos cambios  nosotros también podemos adaptarnos a estos cambios y  aparentemente tenemos técnicas suficientes para hacer frente a cualquier situación…Sin embargo, percibí grosso modo que hay en ella una preocupación por el tema de la Vida y que sus preocupaciones pueden enriquecernos en nuestra humanidad.
Han sido tres semanas  de diálogo con la Bioética, y que este encuentro haya cuestionado nuestras ideas y fórmulas, y que a partir de todo lo abordado nos sintamos llamados, de algún modo, a reconciliarnos con Dios, con humanidad  y con la Creación. 

Bom final de semana!
Carlos.

Créditos da imagem: http://latina.gdnm.org/

Nova série no bioeticafaje2011

Pessoal, resolvi publicar uma série de escritos do Franklin sobre a bioética, a partir de seus tres trabalhos. Será chamada "A bioética segundo Franklin". Não é que não haja outros tantos trabalhos excelentes produzidos por vocês. Trata-se apenas de valorizar a sensibilidade literária, e ao meu ver, como podemos também nós sermos criativos, divertidos e cativantes quando escrevemos algo acadêmico. Além disso, são texto mais em estilo blog mesmo. Espero que compreendam minha intenção educativa e incentivadora de todos vocês.



Créditos imagem: http://www.springfieldpubliclibrary.com/joomla15/images/stories/letter-writing.jpg

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Dois paradigmas ser humano-computador: da “inteligência artificial” à “realidade virtual”

Nos anos ’60 se acreditava que era possível programar um computador para que fosse semelhante a uma pessoa humana: inteligência, sentimentos, personalidade, autonomia, consciência... E, tudo isto, com finalidade, por exemplo, militar: robôs pré-programados com determinada missão, com capacidades de escolhas autônomas ao fim de cumprir sua missão.
Não deu certo, e o programa de pesquisa foi cancelado... Sobrou, no entanto, o projeto ARPA, uma nova tipologia de rede, onde o que era importante era, a partir de um ponto A, conseguir chegar até o ponto B, tendo como alternativas muitos percursos possíveis (uma série de segmentos ponto-a-ponto); era em previsão de uma guerra nuclear, para que a comunicação nos Estados Unidos entre um centro militar e outro pudesse não ser afetada em caso de bombardeamento; é assim que nasceu Internet e o world-wide-web...
Se não foi possível programar um computador para ser semelhante a um homem (ou a uma mulher), porque não tentar a via contrária? Ou seja, propor uma “realidade virtual” na qual o utente possa “imergir-se” de formas cada vez mais complexas, interativas e semelhantes ao mundo real... Pensamos, por exemplo, ao projeto “Second Life” (http://secondlife.com/), onde é possível “viver” uma segunda vida social virtual, num mundo virtual com uma economia virtual, “interpretando” o personagem e o papel que você mais gosta...
O limite, agora, não é mais a capacidade de elaboração gráfica e numérica do computador. O limite, hoje, consiste mais na “interface” homem-computador: o monitor, o teclado e o mouse ajudaram no começo, mas seria melhor uma interface mais direta com o “ser humano”... IBM e Microsoft (http://www.theregister.co.uk/2004/06/24/microsoft_near_field_patent/) já começaram, faz alguns anos, patentear o corpo humano como transmissor de informação e de energia elétrica.
Que conseqüências para a reflexão bioética de nosso curso, diante da possibilidade da potência de “interpretação” que pode hoje criar ou adaptar-se a novos contextos “virtuais”?
Que conseqüências para a reflexão bioética de nosso curso, diante da possibilidade da "potência de interpretação”, da "vontade de interpretação" (parafraseando Nietzsche) que pode hoje criar ou adaptar-se a novos contextos “virtuais”?

Por Giangiacomo

Porque mi “fe” es más fuerte


En la historia de salvación de Israel, David promete construir una casa para Yahvé, en agradecimiento por consolidar la realeza davídica para siempre (2 Sm 7, 13), después Salomón realizará esa promesa, posteriormente como vimos ese templo se convirtió en símbolo de una institución que generaba muerte con su forma de cómo aplicar las leyes religiosas. Desde esta perspectiva es interesante cuando lo religioso influye en lo ético ya sea desde el culto – ritual hasta lo dogmático.
Puede ser contraproducente saber que mucho de nuestro actuar religioso puede muchas veces se contrapone a la realidad, saber que hay diferentes líneas de cómo realizar un trabajo pastoral dentro de nuestro entorno, algunas de esas formas de misión todavía mantienen una forma primitiva de “evangelización” donde se antepone una cultura a otra. Pero lo más fuerte es cuando ese actuar no toma en cuenta a quienes se dirige ni la realidad de estos, como cuando se construyen grandes templos en zonas periféricas, donde la pobreza es recalcitrante y para que la conciencia quede tranquila, colocan un centro social sin ninguna proyección de realmente ayudar a mejorar la situación de las personas, esto ocurre sobre todo dentro de religiones con un punto de vista cerrado y primitivo, sumándose la necesidad de recaudar dinero y usando la fe para eso.
Vamos para lo macro, dentro de esta línea es asombroso el que muchos grupos religiosos estén implicados en negocios de transnacionales sedientas de recursos naturales y que ocasionan problemas ecológicos profundos, dejando a poblaciones en la miseria y haciendo un uso desenfrenado de la tecnología, o tengan fondos invertidos en bancos o financieras que están implicadas con el mercado negro, en venta de armas o tráfico de órganos; que por un lado hablen de ética y por otro, escondidamente, estén implicados en todos estos negocios, además de ayudar a tornar a la religión en un verdadero “opio del pueblo” en el sentido de mantener a las “ovejas” desinformadas y en un infantilismo religioso, llena de devociones y temores, mostrando una imagen de Dios, a veces una imagen asesina de este; a veces también la religión asume el papel de Dios en los que se trata de decidir sobre la vida y la muerte, apoyándose en sus dogmas.
Dentro de nuestra Iglesia existen lamentablemente estos grupos y con esos lineamientos, como también posiciones contrarias a esta forma de actuar que corren el riesgo de tornarse una ideología cercana al marxismo o de quedarse con la memoria de buenas ideas surgidas desde la Iglesias que planteó una teología desde su realidad y que se radicalizó en un actuar cerrado al dialogo.
Dentro de la bioética, fueron los teólogos (según Durant) los que generaron la preocupación por una reflexión para poder plantear una ética dentro de la medicina, ¿será que ahora el papel del teólogo tiene que manifestarse dentro de estos aspectos que surgen en la forma de actuar de las religiones que ayuden a una ética para la vida? Se nos dice que tenemos que saber leer los signos de los tiempos, para esto necesitamos prepararnos para poder intervenir en toda la problemática que implica el cuidado de la vida, no solamente física sino también de la salud mental, saber ser generadores de pensamiento que ayude al Creador a seguir construyendo un mundo de bien. Ahora ¿será que tenemos que enfrentarnos en dos polos que se dan dentro de nuestra Iglesia? ¿cómo salir de ese sistema que el capitalismo nos plantea para poder sobrevivir? Creo que por este motivo para poder realizar una bioética se busca más pensar desde lo racional humano que desde los religioso y dentro de ese campo está también la teóloga y el teólogo, que no ponga como pretexto su razones de fe para poder conseguir cambios en los otros.

Ahi les dejo el link de una reseña de un libro que les podria interesar para poder enterarse de algunos aspectos sobre uno de esos grupos religiosos http://biblioteca.itam.mx/estudios/60-89/67/AlbertoSauretEmilioCorbiereOPUSDEIEl.pdf

Imagen: http://lalinternadediogenes.wordpress.com/2010/01/

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“LA LLORONA”: UMA MULHER SEM NOME


Dizem que, à noite, ainda ouve-se o seu chorar à beira dos rios. Ela derrama as lágrimas amargas da solidão e da culpa e, avançando no silêncio, rasteja nas águas com seus longos cabelos à procura das almas dos filhos mortos por suas mãos de mãe. Aconteceu há muito, muito tempo atrás. Um homem, vindo do mar, amou essa mulher sem nome e teve com ela dois filhos. Mas, um dia, quis ir embora e levar consigo os meninos para casar com outra mulher, mais rica e poderosa. Foi então que aconteceu a tragédia. Uma mãe desesperada afogou seus filhos e se matou. Esta mulher não tem nome, mas tem o rosto de muitas mães que carregam o peso de uma história, de uma estrutura social, de uma relação opressiva. Ela é chamada em vários países de língua espanhola “ la Llorona” (1).

Sgreccia, ao falar do estatuto do embrião, (2) afirma a “autonomia do embrião”, i.é, a dependência extrínseca do embrião do corpo da mãe. Não é a relação com a mãe que faz o individuo, mas o indivíduo existente que faz a relação. Mas como distinguir a existência do imaginário da existência? Nem a Llorona nem o seu homem souberam fazer esta distinção. Os filhos imaginados, como criaturas totalmente dependentes, à mercê das decisões dos que têm poder (os pais, o entorno social), coincidiram com os filhos fora do imaginário, indivíduos diferentes daquelas criaturas sonhadas, frutos de um amor já inexistente. Eles se tornaram objeto de um poder ferido e disputado. A mulher inominável, querendo eliminar seu próprio imaginário, eliminou a carne do outro... Carne do outro tragicamente dependente da sua. A fusão do imaginário com o existente-fora-de-si gerou morte. Parece-me que, assim como estas crianças inominadas, também os embriões sem nome, hoje objeto de tantos debates, sejam só “idealmente” autônomos... ou talvez deveríamos dizer biologicamente! No dia-a-dia das nossas ruas eles dependem de um útero, que depende de um corpo, que depende de uma identidade, que depende de uma rede de relações, influenciada por um contexto social... E dos respectivos imaginários. Mas esta dependência não pode eliminar a alteridade, o mistério que se esconde além daquilo que o outro é para mim, salvando-o da minha necessidade de controle e de posse. Coloca-se, então, um problema sério: quem nos ensina a tolerar a frustração que vem do não poder, do não controle perante o mistério do outro? Que redes sociais cuidam dos pais quando eles se defrontam com o mistério da própria infecundidade? Quem cuida de inumeráveis mulheres inomináveis que estão obrigadas a viver a própria gravidez como uma questão privada? A “privacidade” pode se tornar uma condenação! Ainda uma vez o corpo pode ser caminho. O corpo social entendido como história, tradições, rede que não prende, mas protege para evitar a fragmentação, que educa e acompanha. Talvez a Llorona, envolvida por esse corpo, não teria negado o próprio corpo nem os corpos dos outros. Podem as nossas comunidades eclesiais ser este corpo discreto e presente no seio da sociedade?

Valentina

(1) Llorona significa “aquela que chora muito”. Clarissa Pinkola Estes, psicóloga, psicoanalista junguiana e antropóloga, associa esta história à crise da vida criativa. Cf. CLARISSA PINKOLA ESTÉS. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, pp. 375- 415 (Cap. 10). O texto é acessível também pelo site: http://veterinariosnodiva.com.br/books/MULHERES_QUE_CORREM_COM_OS_LOBOS.pdf

(2) SGRECCIA, E. Manual de Bioética. I – Fundamentos e ética biomédica. São Paulo: Loyola, 1996.

IMAGEM: Gustav Klimt, Esperança. http://expressoriente.blogspot.com/2007_05_01_archive.html


O ser em gestação - esquema

Vincent Bourguet, O ser em gestação: reflexões bioéticas sobre o embrião humano
1.       


1. O embrião é coisa ou pessoa? O embrião humano é digno de respeito ou não? O seu ser é capaz de parar meu poder? Tenho alguma responsabilidade diante desse ser?
2. A razão deste questionamento é, hoje, o poder das manipulações biomédicas.
a. O ser do embrião é tão velho quanto a humanidade. O que é novo, para nós hoje, é o poder que podemos exercer sobre o embrião.
3. Ligado às origens do ser humano... ligado ao direito à vida. A pergunta é então “com que direito?”
4. Somente quando o embrião se torna objeto de nossa intervenção tecnológica ele passa a ser um objeto de estudo para a ética.
a. Nos encontramos na posição de ter que justificar nossos atos.
b. Mas somente se o embrião for pessoa e não coisa.
5. A PRIMEIRA questão: O embrião é um ser? É um ser humano? Há uma identidade biológica.
a. Ele é indivíduo da espécie humana ou apenas parte do corpo humano?
b. A questão aqui é o fenômeno do embrião, se manifesta-se como fenômeno humano.
c. Filosofia da biologia: A noção de individualidade biológica.
d. Outras obs:
    i. Na biologia, cada «indivíduo» se identifica no organismo cuja existência coincide com seu «Ciclo vital», isto é, «a extensão no espaço e no tempo da vida de uma individualidade biológica». A origem de um organismo biológico coincide, portanto, com o início de seu ciclo vital.
   ii. Posição católica: como um indivíduo humano não seria um ser humano? ... depois se estende à personalidade, direito à vida, direito a proteção jurídica.
6. A SEGUNDA questão: O embrião humano é uma pessoa?
a. Problemas da alma e do corpo; do mental e do psíquico; da personalidade; da disponibilidade (está ele disponível como objeto?); da responsabilidade.
7. DISCERNIMENTO: quem é o outro (pessoa) que exige responsabilidade?
a. O embrião humano é um outro? Pessoa?
8. PROPOSTA: Uma ética fundamental da responsabilidade pessoal --- diferente da bioética de preocupação política (direito à vida). Aqui está a especificidade de Bourguet
a. Ética de responsabilidade pessoal, de si e do outro.
b. O que nos permite alcançar a existência de outrem, não é a identidade (do real, da liberdade, da autonomia), mas a diferença.
c. Em suma, perguntaríamos a nós mesmos “serei eu um ex-embrião?”
    i. Posso superar essa alteridade aparentemente insuperável, que é a existência embrionária identificando-a à minha vida?
    ii. Se o embrião para mim não é outrem, na sua diferença, pelo menos se pode superar isso pensando a mim mesmo como ex-embrião.
d. E aí pode-se ver a si mesmo não como sujeito moral, um sujeito capaz de respeito, mas como objeto moral, um objeto digno de respeito que me conduz a mim mesmo e aos meus julgamentos morais, decisões a atitudes.
e. Isto é, eu mesmo estou implicado num continuum que é minha própria vida, uma vida humana.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O LEIGO, A TEOLOGIA E A BIOÉTICA, NEM MENINA, NEM MULHER - Parte II

A modernidade é uma linda mulher balzaquiana que a todo o momento nos seduz com suas novidades propiciadoras de momentos de lazer, diversão, comodismos e felicidades, todas porém momentâneas. Mas diuturnamente ela se encontra nos seduzindo, e o ser humano gosta e necessita dessa sedução. A bioética, enquanto filha observa cuidadosamente os passos da modernidade.
Antropologicamente, esse precisa de algo em quem confiar e se sustentar para poder continuar seguro em sua existência. A principio seriam as diversas instituições, financiadas pelo pacto social, que o cercam, mas a partir do momento em que algumas instituições formadoras da personalidade ficam desacreditadas, esse mesmo ser migra para outras na pior das hipóteses, ou apenas mantem uma ligação de interesses sem se interessar pelas ações por elas praticadas.
Fato importante é que o homem só critica a instituição, se ainda se sentir afetivamente, mesmo que inconsciente pertencente a ela. As grandes críticas a uma instituição, só é produzida por quem se encontra a ela ligada, seja afetiva ou moralmente. Igual condição é verdadeira quanto à defesa de seus enunciados.
Nesse nosso discurso, o centro da atenção não é a modernidade com toda a sua cientificidade e técnica, mas o ser humano. Sendo o discurso sobre o ser humano, todo o nosso pronunciamento deve envolver tudo o que o circula, por isso a necessidade de dizer sobre o seu cotidiano. Cotidiano esse que abrange a sua existência tanto material quanto espiritual, aqui acrescentada da sua parte psíquica. Creio que ao dizermos algo sobre o ser humano, devemos considera-lo como um todo e não apenas dizer sobre o que o cerca. Quer nas questões sociais, quer nas diversas questões teológicas. A discursão ficaria periférica demais.
Assim, a relação da teologia com a psicologia nem sempre é tão feliz quanto se deseja. Os mal-entendidos se devem à concepção que as duas disciplinas têm de si mesmas e de seu estatuto epistemológico. Muitas concepções teológicas foram elaboradas com o auxílio de uma filosofia anterior à época em que se construíram a antropologia cultural e a psicologia. Esta última é, com efeito, a ciência humana mais recente, mesmo se as observações e as interpretações de natureza psicológica são tão antigas quanto às obras literárias e as reflexões nos textos de sabedoria e de espiritualidade. Como ciência, como saber baseado em observações sistemáticas e na elaboração teóricas destas, a psicologia é filha tardia do encontro entre dois traços da modernidade: a atenção à subjetividade e a formação do espírito científico. Dessa maneira, no século anterior foi-se descobrindo e estudando a realidade psíquica. Essa é o terceiro componente do ser humano, pois não coincide nem com o seu corpo orgânico nem com o espírito que funciona de acordo com as leis da razão lógica. Tudo que é humano tem uma dimensão psicológica. Mas nada do que é humano é exclusivamente psicológico. A psicologia não é uma ciência acabada. Ela não explica, pois, a religião e nem tem a pretensão de fazê-lo, mas examina os fatores psicológicos que estão ativos no devir religioso, que o entravam ou o deformam patologicamente. Inversamente, a psicologia examina também a influência que a religião exerce no psiquismo humano, no sentido da espiritualização, da saúde psíquica ou da psicopatologia.
A psicologia não tem competência para se pronunciar sobre a realidade ontológica de Deus e da revelação divina, mas ela leva em consideração as convicções das pessoas estudadas. É enquanto ciência religiosamente neutra que a psicologia pode e deve servir à teologia. Embora aqui não fosse tratada a questão do inconsciente, pertencente à psicologia profunda, como cristão e pela fé, nunca podemos descartar que por trás desta estrutura psíquica descoberta por Freud, celebrada por toda uma comunidade científica moderna, há um “algo” ao qual possamos chamar de inconsciente divino. Esse é uma flor que por nascer na adversidade diária do humano, é a mais bela e rara flor existente. Quanto à psicologia de uma forma geral, ela pode contribuir e se habilita para isso: para esclarecer em sua capacidade de ciência neutra a articulação entre o humano e o divino, pois, aquele que não conseguir entender uma palavra que for dita, concorre para jamais conseguir entender a alma de quem a diz.
O grande articulador das ciências chama-se dialogo. Porém, como precursor devemos considerar o conhecimento sobre o que dialogar. Enquanto se tratar de discutir sobre o ser humano, há uma real necessidade de conhecê-lo em sua totalidade e não apenas algo sobre ele, pois ao se tratar sobre a humanidade, estamos lidando com vida, tanto dela quanto de seu habitat.

Por Geraldo Ulisses

O LEIGO, A TEOLOGIA E A BIOÉTICA, NEM MENINA, NEM MULHER.

Amanhece para o ser humano. Trata de desligar o celular que o desperta, lavar o rosto com o sabonete próprio, tomar o café matinal com pães, bolos, cereais, frutas ou apenas um café e se preparar para mais um dia. Uns passam gel, outros ou outras se maquiam, passam cremes, escolhem um determinado tipo de roupa e seguem o seu caminho. Se for dia de recolher o lixo, lá se vai as sacolas plásticas com todo tipo de descartes: papeis de todos os tipos, restos de alimentação, garrafas vazias e muitos mais coisas que dariam vários outros parágrafos; uns jogam em qualquer lugar, outros nos locais impróprios.
Vão de ônibus empresariais, motos, transportes coletivos, caronas, a pé, de bicicleta ou já estão no local de trabalho/estudo. Lancham nos momentos apropriados, conversam, trocam informações por celular, via internet ou mesmo pessoalmente. Acerta um encontro, um almoço, um cinema, sair para festejar, ir ao teatro, ao cinema, ao churrasco no final de semana, num aniversário, à piscina, etc.
À noite, depois de ter ido ao shopping, ao boteco, no camelô ou qualquer outro lugar, retornam para casa; depois de ter feito inúmeras ligações, lidas várias mensagens, comido algo, ou não. Assistem televisão ou filmes, praticam monólogos familiares, leem as correspondências, usam e abusam do micro-ondas, tomam banho usando os produtos aconselhados, passam novamente cremes anti tudo e vão dormir. Alguns se dirigem para variados cursos noturnos para depois realizarem esse cerimonial. Cultiva-se talvez uma planta, qualquer uma; doa-se algo em espécie ou dinheiro para uma instituição de caridade, qualquer uma; sem se esquecer do dízimo, pois socialmente aprendeu a lidar com tudo o que é politicamente correto.
Um dia comum, com tudo comum, mas com o auxílio de toda a benfeitoria moderna que já se incorporou na vida graças às tecnologias modernas. Não se percebe o gasto desnecessário de várias coisas, a contribuição para o desmatamento, a poluição causada, descartes desnecessários -até mesmo a relação fica descartável-, a solidão nas relações. Manda-se e-mail de felicitações, usam-se os fones sagrados para não ouvir ou não querer ouvir pessoas, finge-se ler no ônibus e metrô para não ceder lugares ou mesmo para evitar um olhar, compram-se CD/DVD piratas, pois são mais baratos, vão à academia de ginástica para modelar o corpo, tomam-se porções mágicas como complemento alimentar; plastifica-se o corpo. Se de tudo ainda sentir a famosa solidão, rotulada de stress, depressão, cansaço físico, desconcentração, há a famosa pílula da felicidade denominada Prozac ou para os menos afortunados, a Fluoxetina. Os jovens chamam de “ficar” àquele momento com o outro objetivando preencher a ausência da relação familiar; buscam estar com alguém para preencher o vazio deixado pela família e o transforma em sexualidade carnal. Ficar é estar sem se permitir ver por dentro; sem permitir ao outro ver como realmente se é, então, poucas palavras para não me mostrar e muita ação para continuar se enganando. Circulo vicioso social/afetivo.
Usa-se figuras poéticas ou midiáticas para dizer o que não se sabe dizer corretamente por se estar lidando com o novo ou por talvez desviar a percepção do outro para a figura -mecanismo de defesa-, assim não se permitindo ver como é. (não é juízo de valor. São coisas da modernidade, a qual, graças a..., nos ensina a usar a persona grega). Vivemos um pecado social sem nos dar conta, para os quais as confissões cotidianas solucionam. [continua]

Por Geraldo Ulisses
Créditos da imagem: http://www.filmreference.com/images/sjff_01_img0295.jpg

Reflexão sobre o filme "Mar Adentro": eutanásia e liberdade de escolha

Não mais me importa a vida. O que tinha de belo se foi, apenas fica a recordação do passado tão presente. Agora tetraplégico, resta-me apenas morrer. Não posso mais curtir a brisa suave que toca meu rosto, nem mesmo sentir o mar a lavar meus pés. Sinto apenas neste leito a dor e a desilusão, nada mais. Por que quero morrer? “Quero morrer porque a vida para mim, neste estado, não vale a pena”. Mas digo isso para mim mesmo, pois não desejo que outros que vivam iguais a mim se ofendam. Não pretendo julgar, nem ser julgado por minha decisão. Apenas desejo que compreendam. Esta vida que levo não é digna, e não quero piedade. Não olhe para mim com valores morais, olhe para mim como aquele que quer ser livre da dor e desta cama que me aprisiona.
Quem poderia me ajudar a morrer, já que não posso me levantar deste leito? “A morte sempre existiu e existirá. Afinal ela sempre vem para todos”. Não vejo escândalo em dizer que desejo morrer. Creio que poderiam me perguntar por que não busco alternativas e escolho viver. Por que não a cadeira de rodas? Aceitar a cadeira de rodas seria como aceitar migalhas do que foi a minha liberdade. Hoje sou um prisioneiro, em um quarto escuro, e a cadeira de rodas não me tiraria desta prisão. Vocês crêem que preciso de um psicólogo. Talvez, poderia ajudar-me por um momento, mas ele não me tiraria da prisão. O meu sofrimento continuaria. A liberdade de escolha seria tirada de mim, se pensasse diferente do que penso. Assim como foi tirada quando fiquei tetraplégico. Por que não posso escolher viver ou morrer? Muitos afirmam que Deus quis que eu vivesse naquele acidente. Outros ainda que eu tinha que passar por isso. O que posso dizer: só sente a dor quem passa por ela. A fé fica abalada, como se Deus não existisse. Como que, depois da morte existisse apenas o vazio, assim como antes da gestação existia o vazio e nada mais. Todos afirmam que querem o meu bem, que me amam, então por que não respeitam a minha decisão? Aquele que diz que me ama, deveria ser o que me ajudaria a morrer. E eu preciso ser ajudado, não da forma como vocês querem. O que quero é a liberdade, e ela só pode ser adquirida com a morte. A morte não é o melhor remédio, mas me levará à liberdade. Mas muitos dirão que uma liberdade que elimina a vida não pode ser liberdade. E eu respondo que uma vida que elimina a liberdade, tampouco é vida. A dor me leva a decisões extremas e me faz esquecer valores éticos e morais.
Eu creio que nossa vida não nos pertence, mas sou eu que a administro, eu decido. Sei que a morte é uma coisa incompreensível e séria. Mas viver não deve ser visto como uma obrigação e sim como um direito. Então, quando aparecer aquela que me ajudará a partir, poderei compreender o que é sentir a eternidade. E com o toque do cianeto de potássio nos lábios sentirei o beijo eterno do amor, que me trará a paz almejada. Meu corpo a queimar com gotas suaves do suor... atingirei a eterna liberdade. E então, só então com o tempo e com a evolução das consciências, saberão se o meu pedido era razoável ou não. Então compreenderão o meu desejo de me sentir livre e morrer com dignidade.

“Mar adentro, mar adentro. E na leveza do fundo, onde os sonhos se cumprem, juntando-se as vontades para realizar um desejo, o seu olhar e o meu olhar, como um eco repelindo, sem palavras, mais para dentro, mais para dentro. Para lá de tudo, para lá do sangue e dos ossos. Mas desperto sempre e sempre quero estar morto, para manter a minha boca, enredada nos seus cabelos”.

Contribuição de: Francisco Tomé

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Porque “trans”-disciplinaridade em bioética?

Faz alguns dias que estou perguntando-me porque, segundo a reflexão de Roque Junges, a bioética deveria ser trans-disciplinar e não simplesmente interdisciplinar...
Será que a ciência (clássica?) só consegue dar conta dos níveis definidos por seus postulados (e, em conseqüência, pela “lógica”), que “definem a ciência disciplinarizada”, na tentativa de dar conta do senso comum?
Então “existem” outros níveis da realidade nos quais tem vigência o princípio do terceiro incluído? Que possibilidades a gente teria para “descrever”, para dizer numa linguagem esta realidade? Que consistência e persistência teriam esses outros níveis da realidade? Que homem e que mundo se encontrariam ali? E, se existem trans-níveis da realidade, porque então não existiriam também trans-trans-níveis, e daí para frente?
Precisamos de “uma” transcendência, da definitividade do “trans”? Como ficamos com essa pretensão de definitividade?
São perguntas, talvez não simples, mas desafiantes...

Por Giangiacomo

Lex Luthor: O Mito do Lado Sombrio da Tecnociência

Todo mito ou história precisa ser reinterpretado, reinventado, recontado a cada geração ou esta história está fadada ao esquecimento. Neste artigo, disponho-me  a falar de uma figura fictícia que, de certa forma, já se encontra presente no imaginário coletivo devido à fama da história em que está inserido.
Estarei fazendo uma análise da última versão do personagem Lex Luthor. Luthor é um modelo do cientista moderno e do empresário inescrupuloso em sua última versão. Na verdade, é ele o übermensch nietzcheano que cria sua própria moral. Porém faz isto de forma antiética ao transformar seus semelhantes em meio para atingir seus fins. Não aceita que lhe seja imposto nenhum limite e se sente incomodado  quando aparece algo ou alguém que não pode por ele ser instrumentalizado. Por fim, volta todos os seus esforços para negar a existência de realidades incompreensíveis para ele, odiando toda forma de transcendência representada de forma falseada no personagem Superman.
Analisando este personagem, podemos ver o tipo de itinerário que temos feito em nosso progresso tecnocientífico.  Figuras como Richard Dawkins com seu ateísmo militante, mostra uma postura muito semelhante à de Lex Luthor. Parecem colocar todos os seus esforços científicos no combate à religiosidade em prol de um ciência que seria capaz de torná-los senhores da realidade tal qual o projeto cartesiano. Por outro lado, os fundamentalistas combatem a ciência em favor da religião. Duas posturas antitéticas  sendo  esta  um fechamento à capacidade racional do homem, responsável por cuidar do dom do belo jardim cósmico criado por Deus e aquela um fechamento ao reconhecimento de suas próprias limitações. Uma postura serve como combustível para a agressividade da outra, dado que a presença  de uma diante da outra são lenha para a fogueira do embate entra ambas.
Posta esta realidade, podemos perceber como Lex Luthor é uma figura do homem caído. Tal como Adão, desejou para si o domínio de toda a realidade. Tal como Adão, negou  a existência de uma realidade que não estivesse a seu alcance. Talvez, falte aos nossos cientistas um pouco de humildade para perceber que existem terrenos que a razão tecnocientífica não pode singrar, cabendo este papel à fé e ao amor.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Questões da prova publicadas!


1.    Caracterize o personalismo cristão em bioética: quais os traços fundamentais dessa compreensão ética? Qual sua relação com o principialismo (beneficiência, autonomia, justiça)? Desenvolva um exemplo de equacionamento ético segundo esta perspectiva (aborto, eutanásia, uso de células tronco de origem embrionária, manipulação genética...). [vale 20 pontos]
2.    Segundo Guy Durant, às preocupações sociais (a) com as práticas democráticas, (b) com a análise de casos, (c) com o estabelecimento de normas que regulem certas práticas de pesquisa e o uso de certas tecnologias, e com a (d) reflexão ética, correspondem respectivamente quatro diferentes naturezas da bioética: forum, método de análise de casos, instrumento de regulação social e desenvolvimento de uma forma de ética. Formule a sua própria visão da bioética a partir destas conexões. [vale 20 pontos]
3.    Como você vê a relação entre teologia e bioética? De alguns elementos e explicite. [vale 10 pontos]

4.    Questão alternativa A: Desenvolva a seguinte sentença do texto básico da CF2008: “Há uma bioética que descreve opiniões e posturas, analisa conquistas científicas sem assinalar como algo deve ser. Baseia-se em termos de benefícios e cálculo de riscos deixando a prioridade para a opção individual. É pragmática e procura resolver as questões por consenso negociado, por acordos. Evita entrar nas questões polêmicas relativas ao aborto, eutanásia, tecnologia e procriação, experimentação com os embriões. Entretanto, a bioética é um ramo da ética e, por definição, deve orientar para a ação. Deve esclarecer e propor caminhos para as opções da sociedade. A bioética que se fundamenta claramente na visão integral de pessoa insiste na busca pessoal de raízes que alicercem respostas fundamentadas na realidade própria da pessoa humana e de seu meio ambiente. Esta é a bioética de inspiração personalista integral que insiste na necessidade de uma objetividade universal que foge do subjetivismo e do relativismo ético” (CF2008, Texto-base, n. 205).
5.    Questão alternativa B: Comente – numa argumentação teológica em bioética - a seguinte perícope: “Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.” (Gn 1,28)

Instruções: Esta prova vale um total de 50 pontos. Ela contém 3 questões, cada qual com uma determinada pontuação (de 20 ou 10 pontos). Há também duas outras questões alternativas, das quais você pode escolher uma, para substituir apenas uma das anteriores (e valerá os pontos marcados para aquela substituída). Cada resposta pode conter até 600 palavras (1 página, espaço simples, fonte 12). Devolver impreterivelmente uma cópia (em papel) na aula do dia 25/02/2011.

Créditos da imagem: http://www.turnbacktogod.com/wp-content/uploads/2008/11/prayer-during-examination-time.jpg

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Atrapalha a Teologia no debate bioético?

Pode acontecer, e acontece, que alguns teólogos na Igreja muitas vezes com a melhor das intenções de defender a vida humana e adotar a postura de uma segurança, atrapalham esta defesa, manipulando ou mal interpretando os dados biológicos em favor de uma argumentação moral determinada. E está demais assistir a quantidade de críticas que a Igreja recebe. Nesse sentido a teologia que prega este tipo de argumentação pode atrapalhar o debate bioético intercultural e interdisciplinar.
É verdade, que nós podemos nos encontrar entre a cruz e espada: ou porque não se encontra uma linguagem adequada para o diálogo numa sociedade plural e secular; ou devido à própria pressão exercida pelo magistério e tradição. Mas a teologia não pode encerrar-se numa linguagem “críptica”, nem tampouco ocultar sua mensagem. Terá que encontrar uma via média: qual será esta via? A hermenêutica da poesia ou do mito? Fica claro que para dialogar se deverá partir de situações comuns, ainda que as cosmovisões sejam distintas. Se a linguagem pressupõe convicções religiosas: como pode resultar aceitável para os que não compartem tais convicções? Ainda que não se compartilhem, se poderá reconhecer que o sentido do religioso, ao longo da história, tem desempenhado um papel importante no modo de situar-se diante sofrimento, da doença e a morte.
De fato, os que participam do debate bioético não são disciplinas abstratas, mas pessoas concretas que falam a partir de determinadas tradições. Por isso, não pode-se negar ao teólogo o direito de entrar no debate bioético. O teólogo há de possuir uma fina sensibilidade para perceber onde está em jogo o sentido da existência humana; uma sensibilidade para com as pessoas, esta sensibilidade que nos vem a traves da fé. No debate bioético, vai ser essa sensibilidade que nos fará enxergar o modo de humanizar o cuidado com os mais fracos. Assim, é como a tradição cristã pode contribuir a não desumamizar a bioética. 
Ainda que não possa contribuir muito para soluções concretas, pode-se manifestar a problemática humana implicada neles. Não se trata de tanto desligar o não os mecanismos prolongadores de uma agonia, mas perguntar-se em que consiste a dignidade de quem morre e como ajudar uma pessoa a viver dignamente, enquanto morre, a quem vai morrendo. A teologia entrará em debate não para regular, mas para interrogar-se acerca da vida humana.
A teologia pode contribuir muito. Desde sua tradição bíblica, por exemplo, desde a fé na criação brota um sentimento de agradecimento pelo dom da vida e de respeito pela dignidade de cada pessoa, baseado no amor de quem a criou. Também brota um critério de responsabilidade. Não estamos proibidos de fazer o “papel de Deus”, desde que o façamos responsavelmente, não destruindo, mas melhorando a natureza. Desde uma Cristologia, ao aprofundar o significado “viver-em-Cristo”, podemos relativizar o alcance tecnológico para prolongar a vida biológica e considerar a vida como valor supremo, mas não absoluto. Desde a fé na ressurreição brotam critérios de respeito à corporalidade humana, supera-se o dualismo corpo-alma e evita-se reduzir a medicina só ao cuidado do corpo. Desde a Eclesiologia de comunhão e desde a moral de liberação brota a preferência pelos mais necessitados na distribuição dos recursos sanitários.  
Bom final de semana!. Carlos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

¿Hijos de Caín o una Nínive redimida?



Es interesante como el agricultor Caín construyó la primera ciudad para su hijo Henoc (Gn 4, 17), ¿el asesino de su hermano nos dejó está herencia que hoy llamamos ciudad?, esa es la visión que nos da la Escritura sobre el origen del escenario principal del actuar de la humanidad, su espacio urbano.
Tal vez con todo lo que observamos todos los días en nuestras ciudades da para pensar como el sistema económico que vivimos, nos muestra que esa herencia maldita se quedó entre nosotros, el sacrificio de muchos a favor de pocos.
El hombre desde que creó su primer asentamiento, no ha parado para modificar su entorno y crear siempre más comodidad para mejorar su vida, es algo que está dentro del ser humano, no puede estar estático, siempre va creando y para poder vivir en comunidad también necesita de organizarse; en la ciudad estado se van perfilando tres núcleos en el cual se articula la ciudad, el palacio del gobernante, el templo religioso y el cuartel militar, estos núcleos se interrelacionan entre sí, principalmente en torno a su economía con base a su comercio. Posteriormente también se puede añadir a partir de las épocas medieval y moderna, centros para la educación y salud.
Bueno, a partir de esto, podemos encontrar que la tecnología se desarrolla principalmente en este espacio y por sobre todo para mantenerlo y desarrollarlo. Para seguir modificando su entorno y para la subsistencia de sus habitantes, la urbe, precisa de los recursos naturales, la ciudad es consumidora como tal, ¿qué produce? ¿tal vez más trabajo y consumo? No podemos vivir sin comodidades, sin la tecnología, es necesaria para nuestra vida, tampoco sin ciudades.
Tal vez un problema principal que se detecta es cómo manejar esa tecnología sin conducirnos al suicidio, para esto es importante la educación de nuestras sociedades. Algunos sociólogos plantean una ecuación: ¿Porque los gobernantes invierten más en seguridad que en educación? Resultado: lo que ocurre en las periferias, si se realiza lo inverso ¿el resultado podría ser otro?.
Una cuestión que me surgió estos días es ¿hasta qué punto nos formamos en cuanto se trata de generar vida? En mis años de facultad uno se da cuenta que se imparte conocimientos para modificar nuestro entorno o para influir en lo social, se habla de ética, pero lamentablemente eso queda en mera teoría. Las carreras que tienen que ver con las ciencias técnicas son siempre las más solicitadas y luego las de tipo social, eso para los que consigan estudiar.
Nuestra autonomía también se basa en este aspecto, mientras más formados e informados, más posibilidades de poder, poder para restar la autonomía del otro, poder que incluso puede quitar de su razón la “conciencia de sí” mismo (de la clase de hoy), la mayoría, generalmente que no tuvo acceso a una buena formación, no se da cuenta de su realidad o lo que realmente ocurre detrás de su entorno. Por otro lado también esto genera violencia en muchos sentidos, matan sueños, mata poesía, mata vida.
De todo esto ¿Cómo quebrar esa herencia fratricida? Dejar atrás la esa herencia, dejar de ser Henoc o aun pero un Lamek (Gn 4, 23 -24), tal vez ¿sería convertirnos en un Jonás capaz de dirigir un mensaje a una gran urbe?, claro que muchas ganas el profeta no tenia, para cambiar, no para librarnos de la ira de divina, sino para librarnos de nuestra propia destrucción ¿Cómo redimir nuestras Nínives?

Pelicula (Filme) recomendada: "Brazil" (1985) de Terry Gilliam

Imagen: http://www.blogdeturismo.com/turismo/nueva-york/

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Antígona: uma lei inscrita na carne

Mais uma vez à escola da imagem. O que ela nos dirá quanto às intricadas questões bioéticas, quanto às problemáticas levantadas por Pandora-mulher em relação à dialética sujeito-comunidade, interesses privados-interesses partilhados? O que nos dirá quanto à tensão entre paradigmas na bioética e ao papel da teologia? Na nossa busca encontramos outra mulher: Antígona¹. Ela sabe que a Justiça da cidade não cuida do injustiçado Polonice, seu amado irmão. Então, Antígona se torna mão, pé, braço, corpo vivo que cuida de um corpo já morto, exposto às intempéries e aos abutres. “A idéia que existia um direito natural anterior às determinações jurídicas encontra-se já na cultura grega clássica com a figura exemplar de Antígona” (C.T.I. À procura de uma ética Universal, n.18). Com efeito, esta heroína ferida e forte, ergue-se como defensora do “direito divino”, anterior à “lei da cidade” querida e manipulada pelo tio tirano Creonte. Ela se faz advogada de uma esperança de salvação: do enterro digno do irmão depende seu ingresso no mundo dos mortos. Antígona expressa a lei natural sendo voz de um profundo desejo de salvação que atravessa vida e morte. Estará a lei natural emaranhada nesse desejo? Esta mulher parece falar, como muitas outras, da “urgência” da vida/morte que aparece como necessidade inelutável. Olhando para realidade atual e para as questões que surgem em relação aos cuidados dos corpos vivos e mortos nasce a consciência da ambigüidade do cuidado, da qual deriva a ambigüidade da técnica. Cuidado que se situa sempre entre sujeito e coletividade. Antígona é irmã que chora a morte da sua própria carne, irmã que quer cuidar e para cuidar está disposta a tudo. Isto não nos lembra algo das problemáticas bioéticas atuais? Do justo cuidado, do cuidado a todo custo e da dificuldade de esclarecer a diferença? O que “os deuses dizem”? O que diz o Deus dos Cristãos, Deus Encarnado? Deus do corpo e no corpo... “corpo, caminho de Deus” (A. Gesché; P. Scolas, 2009)? Gesché vê na fraqueza, nessa “carência cheia de desejo” que é o corpo-palavra (Gesché, p.49) o caminho de Deus até nós e o nosso caminho até Deus. Esse corpo disputado entre necessidades/desejos subjetivos e interesses coletivos pode ser a “metáfora concreta”² que ajudará o cristianismo a se repensar e a ser estímulo para a reflexão bioética. Esse meu-seu-nosso corpo, esse corpo-mundo que pede cuidado na vida/morte foi o livro em que Antígona leu a vontade dos deuses.

Valentina

¹Para saber mais sobre a tragédia de Sófocle: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4841

²Esta expressão é usada pelo psicofisiólogo V. Ruggeri (2002, p.249ss), mas numa nuance e contexto diferentes.

IMAGEM: http://www.agendameperu.com/2009/05/13/yuyachkani-presenta-antigona/

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

RELATIVIDADE OU LEITURA ANALÍTICA DA BIOÉTICA?




As ciências com todas as suas tecnologias podem:

F o r m a r

R e f o r m a r

D i s f o r m a r

T r a n s f o r m a r

C o n f o r m a r

I n f o r m a r

F o r m a r

A bioética também pode:

F o r m a r

I n f o r m a r

C o n f o r m a r

T r a n s f o r m a r

D i s f o r m a r

R e f o r m a r

F o r m a r

Esse é um poema concreto, baseado num poema de José Lino Grünewald, conhecido pelo emprego dessa técnica em suas obras. Sendo um poema concreto, sua forma visual tem tanta importância quanto a sua forma sonora. Sete palavras dispostas de maneira a formar um hexágono, na medida em que a primeira palavra tem seis letras; a segunda oito e assim sucessivamente, num movimento crescente seguido de outro decrescente. A palavra eixo não é o verbo formar, mas o substantivo forma, que se encontra velada, vemos quando ela se desloca para a direita até atingir a metade do poema e, em seguida, volta à sua posição inicial, no eixo direita-esquerda. No eixo superior-inferior, a mesma palavra apresenta correspondência invertida de posições, como se colocássemos um espelho sobre o eixo.

A nível denotativo de conteúdo, temos os significados imediatos das palavras:

- Forma: Como substantivo, demonstra os limites exteriores da matéria de que é constituído um corpo; remete a molde; configuração; feitio.

- Formar: Como verbo é transitivo. Remete a constituir; dispor; fundar; dar forma; organizar.

- Reformar: Formar de novo; reconstruir; aprimorar.

- Disformar: dis: separação, negação (da forma); remete a deformar: alterar a forma, perda da forma primitiva.

- Transformar: metamorfosear; dar nova forma.

- Conformar: Conciliar; harmonizar; adequar; harmonizar.

- Informar: Comunicar; participar.

Partimos de uma forma que é corrigida, emendada, a ponto de se tornar disforme, de perder a forma primitiva. Com o “trans/além de”, metamorfoseia-se numa nova forma. Essa então se cristaliza, se torna presente, espalhada, compartilhada. Chega-se ao ponto final que também pode ser um novo início.

A nível conotativo de conteúdo percebe-se que o processo descrito corresponde ao de abertura ou ruptura de algo estabelecido, que culmina numa descoberta, numa transformação, crescimento, e termina no estabelecimento de outro molde ou modelo, isto é, num fechamento. Esse processo tanto pode se referir didaticamente à descoberta, ao novo que rompe códigos estabelecidos, como pode ser mal interpretado, ocasionando ou propondo um fechamento. Cada vez que aprendemos uma coisa nova, rompemos com um molde, tentamos reconstruí-lo, corrigi-lo, até que ele muda tanto, que passa a ser uma nova forma, e assim vamos... E o que parece brincadeira se enche de sentido.

OBS: Não são erros de digitação a separação no segundo poema, bem como se observarem, as palavras em itálico podem fornecer boas pistas para se realizar um bom diálogo sobre o assunto. Basta fazer a escolha que podemos ouvir no desenvolvimento da dinâmica científico-tecnológico os tecnocratas, tecnofóbicos, etc. Até os psicoteólogos.

Ulisses

Imagem:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/escher/relatividade.html